Tecer Amizade, Habitar o Deserto é resultado da pesquisa de Daniela Perutti realizada com a comunidade rural negra Família Magalhães, de Goiás, originária do Kalunga, maior quilombo contemporâneo do Brasil. A região localiza-se nas cercanias do rio Paranã, em Goiás, e os limites do território do Lavado estão fixados e em processo de regularização fundiária, como quilombola, pelo governo federal. A autora desenvolve sua análise a partir de territórios: o primeiro capítulo é centrado no território Kalunga; o segundo, na Fazenda Lavado; o terceiro, em Nova Roma; o quarto, na prefeitura; e o quinto, no governo federal. O território é também, ainda que de forma um tanto difusa, lugar de memória. A narrativa assume a forma de travessia que associa espaços — Kalunga, Fazenda Lavado, Nova Roma e Brasília — e qualifica temporalidades: o "tempo da política", o "tempo do garimpo", o "tempo de festa".